Ela vai sentada, ausente de tudo
o que se passa à sua volta.
Leva com ela a sua lista de
músicas que faz questão de serem as mesmas à meses.
Ela ouve as mesmas músicas
vezes e vezes sem conta. Porque são músicas que a fazem tremer sempre como se
fosse a primeira vez que as ouve. Porque são músicas que as ouve como se fosse
sempre a primeira vez. Vai uma multidão imensa à sua volta, mas ela… ela não as
ouve, não as sente, não as olha… é como se fosse ali sozinha.
Uma voz avisa que a sua paragem
é a próxima, mas ela não precisa que lhe avisem, ela sabe que tem de sair. Não
é que ela esteja atenta, mas é o instinto, é a rotina, ela sabe.
Ela sai e é confrontada com uma
colega que há anos não a vê.
Ela pensa, estamos tão
diferentes mas ao mesmo tempo tão iguais.
Elas cumprimentam-se em nome dos
bons velhos tempos.
As recordações insistem em vir
ao de cima e ela pensa, Que bons velhos tempos, devia ter aproveitado mais.
A colega faz-lhe a insinuação “Tenho
visto que agora corres, deu-te a pancada forte!”.
E ela limita-se apenas a abanar
a cabeça num jeito de dizer, “já viste que maluca passei a ser?”.
Despedem-se e cada uma vai para
seu lado.
Ela volta ao seu mundo.
Volta à sua lista de música que
tanto preza.
Sente que poderia ter respondido
àquela insinuação, mas será que devia mesmo?
Será que a outra pessoa iria
entender se ela respondesse “Foi o melhor que fiz na minha vida, ter mudado e
ter colocado a corrida no meu mundo!”?
Será que a pessoa iria entender
aquilo que realmente ela sente quando corre?
Será que ela ia entender aquilo
que lhe faz levantar antes de todos lá em casa porque tem que ir treinar,
tem sede de ir treinar?
Será que ela ia entender se lhe dissesse que adora quando chove porque adora correr à chuva?
Será que ela ia entender se lhe dissesse que adora as subidas e odeia as descidas?
Ela iria perceber a razão pela
qual no inverno muda a roupa quentinha e fofinha pela roupa de treino para
ir para o frio correr que nem doida?
Ela entenderia se lhe
dissesse que prefere os dias frios aos dias quentes?
Ela não iria entender.
E por isso é que ela se limita
apenas a abanar a cabeça.
Porque não vale a pena explicar
as nossas loucuras a quem não as entende.
E se um dia ela sair à rua numa
madrugada fria, em que não existe mais ninguém na rua a não ser ela, e começar
a correr que nem doida pelas ruas fora, eu acho que ela nesse dia vai parar e
vai pensar “Eu entendo!”.
E tu? Entendes?
Como te entendo Martinha, para os outros, os ditos " normais ", somos sempre uns alucinados...a mim já me chegaram a dizer " deves pensar que não morres, como nós..."
ResponderEliminarMas cada vez, temos mais " entendedores " desta loucura, e ainda bem. Aos outros, mais vale continuarmos a abanar a cabeça...
Beijocas e bons treinos
Quem diz essas coisas não entende mesmo porque é que corremos... todos morremos ninguém é imortal infelizmente... mas de certeza que somos muito mais saudáveis...
EliminarE ainda bem que essa "fatia" de gente alucinada como nós está a aumentar :)
Beijinhos
Se eu entendo ???
ResponderEliminarClaro que entendo, mas talvez por há 7 anos a esta parte ter descoberto igual "loucura", que se me entranhou nas veias ao ponto de hoje treinar para algo (a maratona) que nessa altura era apenas para "maluquinos".
Se os outros, todos aqueles que não correm, entendem??? Claro que não, mas isso também não me interessa absolutamente nada, desde que isso não interfira com os meus treinos e com o meu prazer em correr.
Correr é um sinal de força. De força, física e psicológica, para enfrentarmos as adversidades, as dores, o frio, o cansaço, os limites do nosso corpo, e que nos torna cada vez mais fortes sempre que quebramos barreiras que pensamos que seriam impossíveis.
Correndo o risco de errar ao generalizar, os outros, aqueles que não correm, são aqueles que não percebem o que é ultrapassar os seus próprios limites, o que muita vez é revelador da falta de iniciativa, da falta de persistência e perseverança, de ceder às primeiras dificuldades.
Os outros, aqueles que não correm, se não entendem, o problema é deles.
A mim deixem-me apenas o absoluto prazer de cruzar a meta, de me superar e de ultrapassar os meus limites, de saber que afinal eu sou capaz.
Bjs e bons treinos,
Fernando Varela
Disseste tudo. Não á mais nada a acrescentar... :) Beijinhos
EliminarSE ENTENDO!!! :))))
ResponderEliminarBeijinhos
Então não entendo!! :D
ResponderEliminarMas olha, que a mim, quando alguém me pergunta alguma coisa sobre a corrida eu não me calo mais :)....é um chaganço de tal forma intenso que a pessoa só tem duas saídas....ou começa a correr tb, ou desaparece e sempre que me vê foge a sete pés (o que tb se pode considerar uma forma de corrida..hehehe).
Beijinhos e dá-lhe forte
ahahhaha Imagino a lavagem que a pessoa leva :) Mas assim é que é... colocas toda a gente a correr mesmo que não dêm conta que o fazem ahaah :D
EliminarVou optar essa táctica :)
Beijinhos
Ó se entendo!!! O título deste 'post' deveria ser assim:
ResponderEliminar«E tu, que não corres, entendes?» Eheheheh
Beijinhos
Tens toda a razão!!! :D eheh
EliminarBeijinhos
Acho que a maioria não entende porque corremos, faça chuva ou faça sol. Não compreendem porque nos levantamos de madrugada para correr ou saímos ao final do dia para mais um treino. Mas eu entendo-te tão bem... :) Beijinhos e bom domingo!
ResponderEliminarE basta-nos isso mesmo, termos o entendimento dos colega "loucos " que alinham nesta loucura connosco :D
EliminarBeijinhos
Marta, como eu te entendo!
ResponderEliminarBeijinhos
:D Beijinhos e bons treinos
EliminarAqui não vais ter respostas negativas :)
ResponderEliminarBom...eu adoro subidas mas não digo que não a uma boa descida;).
E sim, só nós sabemos porque saímos de casa e vamos correr ;)
Já calculava que respostas negativas iriam ser nulas :)
EliminarQuando a descida é durante muitoooo tempo eu começo a detestá-la :)